A próstata é a única glândula sexual acessório dos cães e tem como função a produção do fluido prostático que transporta e sustenta os espermatozoides no momento da ejaculação. A próstata está localizada caudal à bexiga, ventral ao reto e dorsal à sínfise púbica no interior da cavidade pélvica, onde permanece da puberdade até a idade adulta. Em cães idosos ela pode estar localizada em uma posição mais cranial (região pélvica cranial ou abdominal) em função de seu aumento gradativo. Histologicamente é composta por elementos glandulares e estromais.

                A próstata de cães é sede de diversas afecções em cães adultos e idosos e os sinais clínicos estão relacionados ao sistema urinário, digestório e locomotor. Dentre os sinais clínicos mais comuns estão a disúria, hematúria, gotejamento de sangue pelo pênis, infecções urinárias, tenesmo, disquesia, “fezes em fitas”, algumas vezes com sangue e dificuldade de locomoção. Existem sinais inespecíficos que muitas vezes estão relacionados aos quadros de infecção.

                O diagnóstico das doenças prostáticas é baseado nos sinais clínicos, alterações anatômicas de posição e aspecto pela palpação retal, raio x, ultrassom e exames citopatológico e histopatológico.

Amostras citopatológicas podem ser obtidas por meio de massagem prostática ou da citologia por agulha final aspirativa ou não e com o auxílio do ultrassom. Para o exame histopatológico, as amostras podem ser adquiridas por meio de biopsias incisionais e excisionais. Nas biopsias incisionais deve-se ficar atento à representatividade da lesão. Nas biopsias excisionais ou em amostras obtidas durante a necropsia nas suspeitas de carcinomas, é recomendado a coleta da massa e das regiões uretral e periuretral. Nos casos de hiperplasia prostática devem ser colhidas amostras das regiões cranial, caudal e medial.

As doenças prostáticas nos cães incluem a hiperplasia prostática, as prostatites, os cistos prostáticos, a atrofia prostática, as lesões epiteliais proliferativas não invasivas e o carcinoma prostático.

Hiperplasia prostática

                A hiperplasia prostática é uma doença espontânea que acomete cães não castrados. A partir dos 2 ou 3 anos de idade, estes animais iniciam o desenvolvimento de uma hiperplasia epitelial e acredita-se que aos 8 a 9 anos, 95% dos cães não castrados serão afetados pela hiperplasia prostática. No entanto, muitos destes podem não apresentar sinais clínicos, os quais se manifestarão com o crescimento acentuado da glândula.

A hiperplasia prostática não é considerada uma lesão precursora do câncer de próstata. De acordo com critérios histopatológicos, a hiperplasia prostática é classificada em epitelial e complexa.

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Prostatite  

                A prostatite é o processo inflamatório prostático. Um grande número de neutrófilos pode estar presente e uma quantidade variável de linfócitos, plasmócitos e/ ou macrófagos também é observada. O infiltrado inflamatório está presente no interior dos ácinos (intra-acinar) e/ou no interstício (intersticial), com ou sem fibrose.  

                Algumas vezes, associados às hiperplasias, são observados agregados focais ou multifocais de linfócitos e plasmócitos no interstício e são considerados achados aleatórios.                 A infecção pode ter caráter agudo ou crônico, sendo o de caráter crônico a mais comum. A forma aguda é observada com mais facilidade por apresentar sinais clínicos como anorexia, depressão, febre, dor abdominal caudal, corrimento uretral, disúria, tenesmo e edema regional.

Cistos prostáticos

                Os cistos prostáticos podem ser de retenção ou paraprostáticos. Os cistos de retenção se desenvolvem no parênquima e são causados pelo acúmulo de secreções prostáticas dentro do órgão como resultado de obstruções dos ductos. Os cistos paraprostáticos não apresentam relação com a próstata e alguns autores sugerem que sejam resquícios embrionários dos ductos de Muller. O tamanho e a quantidade de cistos são variáveis e podem alterar as dimensões, simetria e textura da glândula.